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Por que está na hora de repensar a precificação de seguros no Brasil

Published on Aug 27, 2025 in pricing • 6-minute read
Dino Draghi
Country Manager do Brasil na Akur8 at

O setor de seguros no Brasil está passando por uma transformação significativa. Em 2023, a arrecadação de prêmios superou R$ 663 bilhões, segundo a CNseg, e as projeções indicam que esse crescimento de dois dígitos deve continuar nos próximos anos. Mas essa mudança não diz respeito apenas ao volume. Ela mostra como as seguradoras estão repensando a forma como operam, especialmente no que diz respeito à precificação.

Com um mercado cada vez mais digital e diverso, cresceu a pressão para responder com rapidez e oferecer produtos personalizados. Coberturas sob demanda, apólices customizadas e expectativas mais altas por parte de consumidores digitais já fazem parte do novo normal. Ainda assim, muitas seguradoras continuam dependendo de processos antigos e ferramentas manuais para construir e atualizar seus modelos de precificação.

Hoje, muitas seguradoras ainda utilizam planilhas como principal ferramenta para construir seus modelos de precificação. Segundo pesquisa acadêmica da UFPB e estimativas internas baseadas em conversas com o mercado, mais de 60% das seguradoras no Brasil seguem utilizando planilhas ou scripts fragmentados para modelagem (UFPB, 2023). Isso dificulta o controle de versões, o rastreamento de alterações e a implementação de uma governança consistente entre equipes.

Um novo marco legal exige novas práticas técnicas

O Marco Legal do Seguro (Lei 15.040/2024), aprovado em 2024 e com entrada em vigor prevista para o final deste ano, representa a maior reforma regulatória do setor nos últimos 60 anos (Valor Econômico). A nova lei traz regras mais claras sobre transparência, linguagem mais simples nos contratos e uma cobrança maior por responsabilidade técnica em todas as etapas do processo.

Nesse novo cenário, não há mais espaço para modelos opacos, alterações não documentadas ou decisões sem justificativa clara. A precificação deixou de ser apenas uma tarefa técnica. Hoje, ela está diretamente ligada à conformidade regulatória e à construção de confiança com o mercado.

Transparência na precificação e rastreabilidade são obrigatórias

A SUSEP, órgão regulador do setor, reforça a importância da transparência na precificação e da governança técnica como prioridades regulatórias. A agenda regulatória para 2025 exige justificativas documentadas, segmentações explicáveis e processos de modelagem bem estruturados. Os boletins mensais estão mais detalhados do que nunca. A transparência deixou de ser um diferencial e passou a ser um requisito básico.

Essa mudança aproxima o Brasil do que já se espera internacionalmente em termos de governança de modelos. Em mercados maduros como Europa e América do Norte, os modelos de precificação precisam cada vez mais incluir controle de versões, documentação e lógica explicável como parte da gestão de risco. Esses princípios de governança também estão se tornando o padrão no Brasil, conforme aumentam as exigências regulatórias.

Hoje, não basta mais chegar à resposta certa. É preciso mostrar como se chegou até ela, com histórico de versões, lógica transparente e documentação que possa ser compreendida tanto por equipes internas quanto por órgãos reguladores.

Modelos de precificação explicáveis são exigência da SUSEP

À medida que os modelos de precificação se tornam mais sofisticados, incorporando dados comportamentais, geográficos e de terceiros, eles também se tornam mais difíceis de interpretar. Mas a complexidade não pode servir de desculpa. A SUSEP já espera que as seguradoras expliquem claramente cada decisão, incluindo quais variáveis foram utilizadas, como os segmentos foram definidos e quais premissas foram adotadas.

Veja isso na prática: em um modelo legado baseado em planilhas, uma mudança em um fator de tarifação pode passar despercebida, sem registro de quem fez, quando ou por quê. Em um fluxo com governança, essa mesma mudança é registrada, justificada, versionada e auditável, trazendo clareza para a regulação e segurança para a operação.

Esse é um verdadeiro ponto de virada. A precificação deixou de ser responsabilidade exclusiva da área atuarial. Ela agora conecta a modelagem técnica à estratégia de negócio e às exigências regulatórias. Acertar nesse processo exige mais do que tecnologia. Exige um ambiente colaborativo, onde diferentes áreas possam entender, questionar e melhorar os modelos juntas.

Governança em seguros é o novo diferencial competitivo

O setor de seguros no Brasil deve representar 6,4% do PIB até 2025, com crescimento expressivo nas linhas de vida e danos (CNseg). Esse ritmo exige inovação e agilidade, mas também requer confiança e solidez no longo prazo.

Revisar a base técnica da precificação é o caminho para se preparar para esse novo momento. Isso vai além de atualizar modelos. Significa adotar uma mentalidade que coloca governança, rastreabilidade e explicabilidade no centro das decisões.

A precificação não é mais só sobre prever resultados. É sobre gerar confiança no caminho que levou até eles. Acredito que as seguradoras que colocarem a transparência no centro de seus processos de precificação não vão apenas acompanhar as mudanças. Elas vão liderar a transformação do que significa fazer seguros com alto desempenho e credibilidade no Brasil. Se quiser continuar essa conversa ou trocar ideias sobre como a precificação pode evoluir com mais clareza, agilidade e governança, me envie um e-mail ou me adicione no LinkedIn.

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About the author

Dino Draghi, Country Manager do Brasil na Akur8 at

Dino Draghi é Country Manager do Brasil na Akur8, liderando a expansão estratégica e as operações comerciais da empresa no mercado de seguros brasileiro. Com mais de 30 anos de experiência em seguros e tecnologia, Dino é especialista em soluções inovadoras para precificação e transformação digital no setor. Antes de ingressar na Akur8, ocupou cargos de liderança em empresas globais como Guidewire e IBM, e colaborou com seguradoras como AIG e Chubb no lançamento de projetos estratégicos no Brasil.